quinta-feira, 13 de junho de 2013

Para Todos os Mergulhadores

[Este texto foi retirado do meu livro - Pier 42 (o silêncio que antecede a intercessão), final do capítulo 10 - o qual em breve estará sendo vendido como pré-lançamento em e-book pela Livraria Saraiva, estará nas telas de cinema e também em breve estará impresso a venda nas principais  livrarias do Brasil. 
Agradecimento especial ao meu sócio e amigo Luiz Sadaiti, pela força, por emprestar "seus ouvidos",  por entender e me ajudar a expressar o que penso em longas conversas em alguns finais de tarde.]

Últimas imagens refletidas na retina da minha mente.
Depois... o silêncio.
Sim, para muitos é uma loucura. Porém, diferente da grande parte das pessoas, não me apoiei em falsas bengalas para ter ilusórias seguranças. Respirei fundo, tomei dose extra de coragem e fui, mas fui só.
Tive medo, mas o medo, oras, o medo é um grande mal entendido, é um sentimento que vai na contramão do desejo.
Para mergulhar tem que aprender a enfrentar o medo. Tem que sentir muito e no entanto não se arrepender.
Mania nossa de tentar prever tudo!  
Um beijo nunca é só um beijo, um encontro nunca é só um encontro, uma história nunca é só uma história. Sempre tem uma expectativa. A gente sempre espera algo mais. Por isso, quem mergulha geralmente acaba fazendo "merda".
Se engana, promete coisas que não devia,  acaba machucando alguém e na maior parte das vezes se machucando, dilacerando uma parte de si.
Nós humanos estamos sempre imersos na solidão, num passado, num futuro, em alguém...
Na verdade, o que deveríamos fazer ao invés de exigir segurança é alcançar a liberdade.
Liberdade para expressar o que estamos sentindo sem julgar estes sentimentos. Sair de um encontro sem pensar no que queria (ou deveria), ter dito, pois tudo que importava já foi dito.
Liberdade para viver coisas novas sentindo o medo das consequências ser vencido pela vontade de que as coisas mudem.
Liberdade sentimental e, como consequência, a sua independência da razão.
Liberdade para admitir que somos capazes de fazer mal a quem amamos pra depois prometer que não o faremos nunca mais.
Liberdade para sentir medo, pois negá-lo é ser um falso corajoso. Por favor me digam: Quando vocês mergulhadores entenderão que não dá pra se entregar sem se comprometer?
Na verdade, o que eu busco não é mergulhar.

O que eu busco é aprender a respirar debaixo d’água.