quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Do outro lado do rio

Do outro lado do rio existe uma lua pela metade esperando ser completada de algum modo que a deixe inteira.
Do outro lado do rio existe uma luz, uma fogueira onde sombras dançam ao som da música sagrada que ecoa pela mata e chega em alto e bom som desse lado do rio.
Do lado de lá do rio existem certezas incertas, florestas, densa fumaça que nesta margem não chega, mesmo assim quando aparece não dá para ver o que fazem os antigos aldeões.
Qual é a certa incerteza que atravessa sem muita clareza e chega aos corações?
Qual é a certeira certeza que afirma com clareza o modo que tem que ser?
Basta atravessar o rio para saber.
Então me jogo. Verdadeiramente me jogo e me permito enfrentar a correnteza, a incerteza do outro lado chegar mas... eu me jogo. Sem medo da morte, principalmente sem medo de viver, quero chegar ao outro lado para ver ao invés de simplesmente acreditar.
Não quero mais simplesmente ouvir histórias.
Quero viver histórias para guardá-las em minha memória e um dia aos pássaros, às árvores, aos caminhos, à alguém poder contar. Oras, histórias são para isso, não são? Para voarem como pequenas sementes pelo vento e assim semear mentes a contento do tempo para não as deixar morrer, para não as deixar passar. Assim como as que chegam aos meus ouvidos, quero viver para poder contar!
E assim descubro aqui deste outro lado do rio que na verdade a lua existe inteira, que nas noites que apenas a metade dela aparece, é o sol que uma de suas partes somente insiste em iluminar.
E  caminho, caminho com um certo receio, vencendo meus medos e deixando de simplesmente acreditar por acreditar.
E assim escrevo esta história sobre o outro lado do rio, sobre a metade da lua, sobre simplesmente agir, sobre simplesmente tentar.