domingo, 5 de maio de 2013

Apenas um Passeio

... e tinha dias que em seu caminho se encontrava com a  dona saudade que parecia que ia estourar seu peito e fazia seus pensamentos borbulharem dentro de sua cabeça assim como a água fervente dentro de uma chaleira.
As  lembranças do que tinha vivido, do que ainda iria viver e do que nuca saberia se viveria, viam a tona e faziam com que ele parasse no caminho e por horas ficasse ali olhando o nada que era banhado pelo tudo.
Quanto tempo mais demoraria até encontrar o caminho certo? (se é que este existia).
E se aquele fosse  caminho certo?
Além da saudade descobriu que ela estava acompanhada de sua amiga a dona dúvida.
Abriu a mochila, tirou uma garrafa de vinho e mais o último pão que carregava até chegar seu próximo destino. Sacou a rolha da meia garrafa que ainda restava, dividiu o pão ao meio para poder comer a outra metade mais tarde, sentou embaixo de uma frondosa árvore ao lado direito do desfiladeiro. Tomou dois goles que desceu por sua garganta lubrificando sua alma. Mastigou um pedaço de pão e quando se deu conta o dia já havia ido embora. Mais uma vez ali estava sozinho com o coração abarrotado, sentiu uma lágrima fria escorrendo pelo seu rosto como se em breve instante aquilo o acariciasse.
Foi quando de sua mochila tirou um estilingue, pegou um pedregulho, colocou na atiradeira, apontou para o céu e atirou a pedra.
Começou a cair estrelas.
E a dona saudade?
Bem, a dona saudade ali continuava com sua amiga dúvida lhe servindo de companhia.
... e quando menos esperava pegou no sono utilizando uma pedra como travesseiro e o orvalho como cobertor. Tudo aquilo naquele instante o bastava para encher seu coração.
 (continua)