terça-feira, 26 de setembro de 2017

Hora de Partir?


Este está entre um dos posts mais pessoais que escrevo. Levando em consideração que são mais de 40.000 visualizações mensais neste blog e não conheço pessoalmente (mas agradeço), a maioria de vocês que me acompanham, seria quase como abrir o meu coração, mas também não tenho problemas com isso não.
 Antes de escrever este texto, pensei bastante, refleti basante e lembrei da passagem de um antigo livro que diz: "Conte suas histórias, dê seu exemplo. Diga a todas as pessoas que é possível ir e vir, não existe regras para isso. Diga que a vida não pode e nem deve ser formatada para que não nos tornemos máquinas de nossa existência. E assim todos sentirão coragem de enfrentar suas próprias histórias."
E é assim, seguindo este preceito que vou relatar para vocês uma história muito pessoal (como já disse), que fala sobre partidas, chegadas, decisões e coragem.
Há alguns dias atrás, recebi uma proposta para me mudar para Recife-PE, para assumir a direção de conteúdo de vídeo de uma grande agência. Não vou negar que me senti lisonjeado pelo reconhecimento do meu trabalho, afinal é muito bom quando pessoas reconhecem "seu" talento o qual vem sido batalhado há muito tempo . Um bom salário compatível com o cargo, algumas regalias. Me deram uma semana para pensar e analisar a proposta.Não vou negar que mexeu muito comigo e a princípio decidi ir. Estava tudo certo aqui em minha mente. Cheguei a pesquisar lugares para morar, fazer cotações nos bairros de Recife. Logo em seguida, pensei nas vezes anteriores as quais  fizeram propostas para que eu fosse embora de Curitiba-PR (cidade onde atualmente resido). Das duas vezes anteriores "coisas" estranhas aconteceram para que eu não fosse. Como se um imã me segurasse aqui. Como se estivesse preso a um livro de histórias e não devesse sair antes do final. Algo (o que ainda não sei qual), fez com que eu ficasse das outras duas vezes.
Várias opiniões  chegaram até mim (como sempre), se tratando de uma pessoa pública (ou não), faz parte do caminho receber, analisar e filtrar estas opiniões. Não vou negar que perdi algumas noites de sono pensando nisso. Meu prazo para dar a resposta encerrava dia 25 de setembro de 2017, segunda-feira.
Nada mais me seguraria aqui. Certo?!
Talvez não.
Pensei, repensei, pensei na distância maior que estaria dos meus filhos (que não moram comigo), pensei no quão difícil seria vir ver eles e viver mais distante deles. Pensei na minha produtora "Hemisfério Filmes", e tudo o que eu havia planejado para o crescimento dela que está "andando" de vento em popa. Pensei na minha coragem de encarar novos lugares, como sempre foi. Pensei em todas histórias que vivi aqui nesta terra.
Fora isso não pensei em mais nada.
É hora de partir.
Porém, como sempre digo, o dinheiro não é tudo e não há nada de mal ir e voltar com suas opiniões, desde que se escute a voz do teu coração. Certo?
Certo.
Neste momento, minha intuição pulsa forte.
Entre as opiniões, ouvi pessoas dizendo que deveria ir sem pensar, ouvi das outras pessoas que tinha que usar toda a coragem que eu passo para ir, outras ainda dizendo para eu ficar porque até para ficar seria preciso coragem. Ainda algumas (poucas, pouquíssimas),  dizendo para ficar pois tinham histórias para serem terminadas aqui.
Bom, entre tantas opiniões, a certeza que tenho é que nesse caso não tem nada haver com coragem, visto as inúmeras aventuras e inúmeros lugares que já vivi por este mundão. Algo insistentemente pulsa aqui dentro e se tem algo que não brigo mais, é contra minha intuição.
Lembrei do antigo ensinamento que diz " O guerreiro da luz conhece a importância da sua intuição. No meio da batalha, ele não tem tempo para pensar nos golpes do inimigo - então usa seu instinto, e obedece ao seu anjo. Nos tempos de paz, ele decifra os sinais que os Deuses lhe enviam."
Sendo assim, após a "milésima" reunião, esta última via skype, dei minha resposta final e decidi ficar.
Não é fácil ter uma decisão na cabeça e voltar atrás, mas é honroso. Por sinal, uma das coisas que aprendi é que voltar atrás é digno e as palavras não são eternas, visto o nosso dia a dia, ainda mais sabendo que atrás da máscara de gelo que de vez em quando nós usamos, exite um coração de fogo.
Decidi ficar pelas inúmeras coisas que acontecem "aqui dentro".
Decidi ficar pelos meus filhos.
Decidi ficar pelos rumos que minha produtora e as coisas vem tomando de uma forma maravilhosa.
Decidi ficar porque minha intuição pulsa forte dizendo que minhas histórias por aqui não acabaram e este não é o fim do livro (mesmo não sabendo qual é o fim).
Recebi muitos conselhos para que eu já fizesse as malas e fosse, recebi alguns conselhos para que eu ficasse e agradeço à todos os conselhos que chegaram até mim, sei o quão é essencial todas essas informações porém, a decisão final sempre é nossa, ou nesse caso minha.Porque só cabe a mim o caminho que me foi confiado. Nesse caso, acabei mais uma vez seguindo o conselho do bom e velho Carlos Castañeda que diz: " Qual desses caminhos tem um coração?".
As vezes, mesmo sem ir é preciso voltar porque algo foi perdido, ou uma mensagem que devia ter sido entregue foi esquecida no seu bolso. Ou ainda, quando achamos que é o final da história, ainda resta o epílogo para começar o próximo livro de nossa trilogia por este mundo. Um caminho bem cuidado (nesse caso no sentido de vida), permite que você volte atrás sem grandes problemas desde que você use sua energia para cuidar e conservar o chão que acolhe seus passos.
Não vou dizer que foi fácil mais uma vez negar e optar por algumas coisas que ainda me incomodam, mas sei que necessário é. E é nesse momento que adubo e mantenho os silêncio que venho cultivando, tentando entender tudo isso, mas dessa vez sem tentar adivinhar "o que me prende aqui", desta vez estou disponível para a vida e  não tentarei adivinhar os próximos capítulos da história, isto se chama maturidade.
Só posso dizer que com tudo isso estou feliz, respirando, de peito e braços abertos. Sentindo e permitindo receber o que a vida tem me reservado de melhor. E assim tem sido!
 Acredito que cada um de nós tem uma lenda pessoal, uma história que precisa ser escrita e precisa ser contada. Alguns chamariam de destino, eu chamo de roteiro da vida. Assim como em uma novela, as atrizes e atores, nunca sabem quais os próximos capítulos que irão gravar, o autor sabe (ou não). Sendo assim, acredito que a vida seja um pouco isso também. Como diria Lulu Santos: "Só que dessa história ninguém sabe o fim".
Não vou negar que eu não fico intrigado, porém diferente de antes,  assumo por inteiro minha lenda pessoal ou ainda... a razão da minha vida. Ouço muitas pessoas dizerem que minha fé e minha coragem são admiráveis. Não vou negar que fico orgulhoso por alguns minutos porém, logo me vejo envergonhado do que escuto, porque não tenho toda essa fé que demonstro pelo fato de ser humano.E são nesses momentos que ouço o vento, minha consciência, meu anjo sussurrarem: "Você é apenas um instrumento da luz. Não há motivos para vangloriar-se, nem para se sentir culpado; há motivo apenas para cumprir seu destino."
Sendo assim, ouço e fico mais seguro guardando aqui dentro a certeza de onde quero chegar.
E sendo assim, me desligo da ideia de dias e horas, e presto atenção cada vez mais atenção aos minutos e segundos, passo a prestar mais atenção nas "pausas" do que nas "notas".
E sendo assim, estou pronto para o melhor que a vida tem a me oferecer sem precisar sair deste lugar, porque as maiores mudanças (assim como as guerras), são as mudanças internas e se algo mais forte me diz para ficar... é que algo mais forte está para acontecer!
Se você me pedisse um conselho hoje, este seria -  Ouça sua intuição, aceite conselhos, aceite ajuda, somente assim se chega em algum lugar. Fora isso, nada faz sentido.
Até breve!


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