terça-feira, 12 de março de 2013

O Teimoso Inventor de Sonhos (I- A Criação)

I - A Criação

Acordou sentindo cheiro de café com sabor de saudade em uma manhã.
Uma dessas manhãs qualquer que o sol insiste em vir visitar.
Eis o criador de sonhos...
O cheiro do café então começou a se misturar ao cheiro das flores justamente quando abriu a janela. Resolveu ficar despido. Despido de roupas, de sonhos, de pudores e sentimentos. Inspirou profundamente o ar gelado da manhã, abriu os braços e foi acariciado pelo vento, o qual veio desejar bom dia!
Ao longe,  figura das montanhas, das flores,  a figura dela a andar pelo campo com uma cesta presa em um dos braços. Uma cesta repleta de flores as quais ela ainda continuava colhendo naquela bela manhã de outono.
Parou repentinamente e como por transmissão de pensamento, olhou para a esquerda.
Não, não foi preciso que se dissesse nenhuma palavra pois os olhos (mesmo ao longe), já se comunicavam muito bem. Cada um sabia o modo do outro pensar. Gostos, cheiros, manias...
O sorriso largo, franco, fez com que ela corresse em direção a janela (a mesma janela que dividia o plano entre o real e o abstrato), deixando que a cesta caísse de seu braço.
Ele por sua vez, pulou a janela como alguém que tem mola nos pés...
Mataram o que os matava... a saudade.
E o cheiro de saudade se transformou em felicidade com aroma de café naquela manhã.
Uma manhã qualquer.
Quando estavam juntos, não importava dia, horário...
Viviam em seu próprio mundo e isso bastava.
A Criação.