segunda-feira, 4 de março de 2013

Os Campos de Lavanda

Não. Não sabia por onde começar. Só sabia que queria fazer.
Não. Não sabia se aceitaria desculpas e entenderia seu lado, porém seu medo do não, era maior que o medo do sim.
A prisão entre dois mundos, o tempo implacável que lhe pedia soluções, soluções infinitas vindas de fora, soluções finitas vindas de dentro.
Acreditava em tudo... menos em si.
E se pôs a vagar por loucas viagens dentro de sórdidos pensamentos.
E se pôs a vagar por viagens loucas dentro de pensamentos sórdidos.
E se pôs a vagar em seu mundo.
Acreditar, desacreditando.
O desejo maior em um lugar escondido que não supria mais o espaço que precisava.
A vontade única de...
Pegou o telefone, vasculhou a agenda e...
Sabia mas a certo modo, não queria dar o braço a torcer que precisava de...
Saiu para fora e inspirou profundamente o ar frio da madrugada, olhou para o céu e viu duas únicas estrelas.
O som do vento, o cheiro do mato, o crescimento relutante, o trivial já não bastava e isto era o bastante que já não bastava e não cabia mais dentro de si.
Virou-se calmamente e se olhou no espelho.
A pele nua, o olhar fixo, sabia por quais caminhos havia passado e os quais haveria de passar (ou não).
Haveria de lutar (talvez), mais do que o esperado, porém a decisão era certa e o certo não era mais indeciso e o indeciso já não era mais duvidoso. Crescera como flores em um belo campo de lavanda na primavera, que floresce após a doce chuva. O vento estava a seu favor, exalando o perfume de flores no ar.
Fechou os olhos, respirou fundo...ergueu um dos pés e...foi. Deu o primeiro passo e o que era cinza ganhou cor. O que era escuro ficou claro e as palavras que lhe faltavam, apareceram.
Era fim de tarde, uma tarde qualquer de verão... Era tempo de realmente ser feliz e experimentar o doce sabor do mel que há muito tempo não sentia em seus lábios. Era tempo de tentar sanar o que era incurável. Era tempo de realizar o que julgava impraticável.
Era tempo de ser realmente feliz sem máscaras, sem amarras, sem marras, sem mágoas, sem tudo o que de certa forma pudesse lhe prender.