quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Um Conto de Fadas Contemporâneo (Ou não).


Os pingos da chuva escorrendo pela janela, a meia luz... ele já havia estado lá por alguma razão e por outras e tantas outras razões continuava a certo modo ali. Seu cheiro, seu toque, seu rosto, seus olhos brilhantes que não cansavam de olhar para ela, ela ali deitada se sentindo a pessoa mais amada do mundo naquele instante, tentando pensar qual artifício usaria para fugir da doce prisão de sentimentos.
A o coração, a arma mais perigosa que existe nas "mãos" dos seres humanos. Uma arma que vem sem manual e quando alguém acha que consegue controlar, se torna incontrolável e as coisas mais estranhas acontecem. Adormeceu ao som da chuva e entrou no mundo dos sonhos...
Andava por uma rua, uma rua iluminada por luzes amareladas onde o vento suavemente soprava. Não, não havia ninguém mais na rua a não ser ela. Outdoors de led estampavam propagandas, os faróis mudando suas cores para controlar o tráfego que não havia. Ela com seu vestido florido, com seus pés descalços sentindo o áspero asfalto, sentiu quando o primeiro pingo do céu caiu sobre sua cabeça, um pequeno pingo seguido por outros demais pingos. A princípio correu em direção a uma praça onde havia um antigo prédio, a intenção era se proteger da chuva, mas repentinamente parou. Uma luz (como a de um projetor), começou a projetar palavras no antigo prédio. E sendo assim, antes de chegar até ele, ela parou. A primeira frase projetada era: "Pare, Ouça-me! Eu vou ser franco com você." Assustada ela olhou ao redor e no meio daquela praça só havia ela, mais ninguém. A garoa continuava, assim como a frase do projetor. "Eu não ofereço prêmios fáceis". Ela olhou para trás para ver de onde vinha a luz e resolveu gritar - Tem alguém aí? Por favor responda, estou com medo... Tem alguém aí? -  Ao longe ela começou a ouvir uma bela música,  que de algum modo a tocava e lhe trazia além de paz, uma certa ansiedade. A projeção continuou: "O que ofereço são novos prêmios difíceis, são inquietudes com toques de paz, paz com toques de serenidade, serenidade com toques de lavanda, lavanda com toques do incansável aroma do amor. Marca a hora o relógio; mas, o que marca a eternidade?" A música foi crescendo, e ela lembrou de um tempo onde o sonho podia se tornar realidade e a realidade poderia se tornar sonho e instantaneamente mágicos momentos aconteciam. Ela lembrou dele, a quem sentia ali naquele momento. Lembrou de  um tempo onde apesar das discordâncias, das provocações, das diferenças, algo muito incomum acontecia... a vontade, a loucura de terem um ao outro.
E ela bailou no centro daquela imensa praça que se tornara seu palco, seu vazio e inundado palco. E ele por sua vez, do nada apareceu, caminhando pausadamente em sua direção. A segurou firmemente pela cintura, aproximou o corpo dela de seu corpo, sentiram suas respirações pulsantes, ofegantes. Os lábios quase tocaram e a mão esquerda dele percorreu suavemente pelo rosto dela, passando pelo ombro e escorregando pelo seu braço, até que tocar em sua mão. Juntos bailaram noite adentro.
E naquele momento, o mundo, aquele mundo, se tornara deles.