domingo, 14 de outubro de 2012

As Duas Árvores da Beira do Lago.

O que havia sido plantado se tornara mais forte do que julgavam que era.
Ali estavam as duas árvores, vislumbrando a bela paisagem, cada uma tentando olhar para uma direção diferente pois diziam que não queriam mais estar ali. De uma forma ainda estavam e isto era incontestável.
As duas rezavam para serem arrancadas pelo vento, cortadas por algum lenhador, que alguém sem noção colocasse fogo para que fossem queimadas e suas cinzas povoassem outros lugares.
Foi quando veio o vento, soprou, soprou e soprou. Desfolhou as árvores, mas não conseguiu tirá-las do lugar. Perderam alguns galhos (o que foi muito dolorido para elas), porém continuaram ali cada uma olhando para um lado como se a outra não existisse mais.
Foi quando vieram algumas pessoas e  pelo simples fato da destruição tentaram colocar fogo. Começaram a queimar, mas pelo fato de estarem a beira de um belo lago, o próprio vento se encarregou em apagar.
Um certo dia um homem chegou com seu machado para cortar as árvores. Começou tirando alguns galhos e logo em seguida começou a dar algumas machadadas na base. Estava quase chegando  na metade de uma delas quando a fiscalização responsável pelo local apareceu e multou aquela pessoa pois aquelas árvores não poderiam ser arrancadas dali. 
O tempo foi passando e cada uma das árvores julgava já estar uma longe da outra. Cada uma olhando para um dos lados.
As ervas daninhas que as povoavam foram morrendo.
Elas começaram a  perceber que as outras arvorezinhas que conheceram há muito tempo atrás quando ainda eram pequenas eram apenas arvorezinhas e tinham ficado lá embaixo enquanto as duas de uma certa forma continuaram crescendo.
No entanto, cada uma ainda insistia olhar em uma direção diferente. Foi quando pela ação do tempo uma delas acabou pendendo um pouco mais para um dos lados e encostou na outra.
A árvore que fora encostada olhou e viu que a outra ainda continuava ali e as duas ainda cresciam juntas e faziam parte daquela bela paisagem e que se uma delas realmente saísse dali a paisagem não seria tão bela o quanto era, elas faziam parte daquela composição. 
Foi quando a outra deixou ser encostada e as duas perceberam que apesar de serem duas árvores diferentes estavam se tornando uma só e poderiam cada uma ajudar a outra, continuar crescendo juntas e todos os dias apreciarem a bela paisagem dos barcos, do final de tarde, do início do dia, das noites estreladas, assim como quando acontecessem os grandes temporais, os ventos fortes... As duas estariam ali uma para apoiar a outra. Olhando na mesma direção. Continuariam tendo os pássaros, peixes, joaninhas, borboletas, outros insetos, outros animais como companheiros e ali assistiriam há várias histórias na beira do frondoso lago, acumulando histórias para contar.