sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A Encruzilhada III - Parte Final (quem sabe o começo ou recomeço de tudo)

E eis que me levanto.
E eis que olho para todos os lados (e de uma certa forma me espanto).
Mais uma vez abro minha mochila de viagem, procuro minha agenda de anotações e descubro que ela não está onde deveria estar. Por um breve momento me assusto, por um breve momento tenho certeza que minha vida passa ser governada pelo destino, por um breve momento tenho certeza que perdi o controle da minha vida, por um breve momento olho para o céu e deixo então que a chuva caia sobre minha face (como se procurasse um alívio imediato), e instantaneamente, assim como em um passe de mágica, descubro a maior mentira do mundo: acreditar que eu perdi o controle de tudo e o destino se encarregou em cuidar da minha vida.
Dou dois passos para frente, a chuva ameniza e se transforma em uma leve garoa com pequenas gotículas bailando ao sabor do vento. Alguns raios de sol conseguem perfurar as densas nuvens e tocam a terra, as plantas, meu corpo encharcado de uma maneira tênue.
Olho para o chão e vejo flores desabrochando no canteiro a direita de um dos caminhos, onde tudo é muito colorido e o sol ilumina (assim como no caminho que leva Dorothy a Oz). Logo no outro caminho tudo parece ser mais escuro, sem vida, com algumas rochas com limo e algumas plantas encrustadas. Coloquei minha mochila nas costas e comecei a caminhar em direção ao caminho iluminado cheio de flores. Dei mais ou menos uns dez passos e parei (quase antes de propriamente entrar nesta estrada de flores). Olhei mais uma vez para a outra estrada e o que parecia muito escuro, já não estava mais tão escuro e algo que me chamou atenção, foi uma bela rosa azul (a qual não havia percebido), que estava entre alguns pedregulhos. Voltei a olhar para a outra estrada e o caminho continuava florido radiante pela luz do sol.
Porém, partindo do pressuposto que nós temos uma forte tendência de ver coisas que não existem e ficar cegos para as grandes lições que estão diante de nossos olhos, quem poderia me garantir que o caminho florido seria o melhor caminho?
Relembro a história de dois amigos meus, João e Maria que se deram muito mal (uma certa vez), ao se encantarem por uma suculenta casa feita de doces!
Agachei no mesmo lugar onde estava, peguei um graveto que estava no chão e comecei a desenhar (algo habitual meu quando preciso pensar mais "profundamente"). Caminho florido ou caminho onde só havia uma rosa azul?
O que realmente eu desejava?
O que realmente eu queria?
O que realmente me importava?
Eu? Eu tinha certeza do que eu desejava, o que eu queria, sendo assim sabia que estava correndo riscos, afinal quando  desejamos algo, sempre é necessário ter a consciência que se está correndo riscos. Porém isto (os riscos), era o que menos me importava naquele momento, pois de certo modo, é o que tornava minha vida no mínimo mais interessante.
E o que era grande começou a diminuir, o que era pequeno (por minha culpa), se tornara enorme. Momentaneamente deixei que um acontecimento sem importância transformasse toda e qualquer beleza em um momento de angústia, dando mais atenção ao ínfimo ponto no papel e esquecendo toda a bela paisagem ao redor (é o que eu chamo hoje em dia de tempo perdido), levantei sorrateiramente minha cabeça e perguntei: O por quê de tantas perguntas meu rapaz? Por quê alimentar monstros que não existem? Mas que depressa levantei. Dor criada instantaneamente por mim e por mim  instantaneamente criado o antídoto.
Coragem de saber para onde vai.
Coragem de decidir o próprio destino.
Coragem para se tornar autor da própria história.
Escolhi o caminho que a princípio parecia mais escuro (o da rosa azul), o menos florido. Para alguns seria (e é), o mais sem sentido, o mais feio. No entanto, aprendi a ver beleza em tudo. Aprendi que o medo de sofrer (SIM!), é pior do que o sofrimento. E nenhum coração jamais se enganou quando verdadeiramente teve coragem de lutar e buscar o que realmente almeja.
Quantas coisas já havia perdido pelo simples medo de perder...
Comecei a caminhar pelo caminho escolhido. Descobri que na verdade era um pouco mais escuro pois havia mais árvores que com suas altas copas criavam sombra amenizando o calor do caminho e ao mesmo tempo transformava o ar em um ar mais puro, mais leve. Ao lado esquerdo do caminho estava a rosa azul que eu havia visto, na borda do desfiladeiro. Caminhei até ela e para a minha surpresa, quando olhei para baixo, vi um vale repleto de rosas azuis, flores do campo, muitas borboletas voando entre elas e um belo riacho que corria com água cristalina.
Sim, poderia ter escolhido o caminho que parecia ser mais florido, porém não escolhi pelo simples fato de lembrar que nossa mente pode ser traiçoeira, pode empurrar para coisas que não queremos e para sentimentos que não nos ajudam, por isto deixei meu coração falar mais alto sem me importar com o que iriam falar. Era eu me ouvindo. Era o caminho que EU tinha escolhido.
E por falar nisso, como é o outro caminho o qual não escolhi? Não sei, não me interessa pois estou feliz com este. Porém não há uma regra e qualquer um que não esteja feliz com o seu caminho pode voltar atrás e pegar a outra opção da encruzilhada. Porém, conselho de amigo... Não se acostume com isso pois você pode correr o risco de nunca conseguir completar nenhum, nem outro! Mas caso necessite... não se acanhe. Uma boa pitada de humildade, coragem e amadurecimento, são fundamentais.
Sendo assim, não deixe que suas dúvidas sejam traiçoeiras paralisando suas ações pelo simples medo de realmente tentar.
Começo minha caminhada por esta nova estrada, sabendo onde quero chegar mesmo sem saber quais surpresas irei encontrar nesta caminhada até a próxima encruzilhada. Desde já instituo no meu mundo a lei que assumo meus atos, minhas escolhas, tendo coragem suficiente para dar passos errados, comemorar obstáculos ultrapassados e principalmente tendo calma para olhar tudo por diversos ângulos, afinal isto que alimenta o amor! Olhar as mesmas coisas por ângulos diferentes transformando tudo em novo de novo!
E eu vou amando meu caminho (que sei que não é o único caminho porém foi o que escolhi para mim), pois sem amor nada nesta caminhada, nada nesta vida faz sentido.

" Quando todos os dias ficam iguais, é porque deixamos de perceber as coisas boas que aparecem em nossas vidas. Sendo assim escute seu coração. Ele conhece todas as coisas, porque veio da Alma do Mundo e um dia retornará para ela."