sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Carta para uma jovem senhorita de um reino muito distante.

Como vai você?
Continua vivendo suas histórias embaralhadas no mundo da fértil imaginação?
Como vai o pequeno dragão?
Deixa eu te contar que viajei por vários mundos e conheci vários seres que trabalham com o imaginário e todos (de uma certa forma ou de outra), me perguntavam sobre você.
Eu de uma certa forma sempre me esquivando para responder, respondi pouquíssimas vezes, não queria mais falar sobre isso, mas de uma certa forma ainda estava sob a maldição encantada e não conseguia escapar.
É incrível como os mundos se atrelam ao passado, presente e futuro. Assim como um vinho encorpado que de certa maneira deixa sua marca acentuada de "notas" fortes no palato.
Sim, não pense duas vezes.
Sim não pense que a história não continua pois ela de uma certa forma sempre continua aqui, ali ou em outro lugar que são eternizados por momentos vividos somente por você.
O seu mensageiro passou uma noite aqui em meu reino e me disse que esquecera o artefato mágico da lagarta da Alice... Disse para ele: "Dê para Lagarta de Alice o que é de direito dela, se possível entregue direto a lagarta sem que o objeto passe em minhas mãos...", mudei de assunto.
Tomamos vinho, dançamos ao redor da fogueira e em nenhum  minuto deixei que tocasse sobre as histórias do reino distante (como venho fazendo há muito tempo).
No entanto esta noite tive sonhos, muitos sonhos...
Em um deles eu caminhava sobre a grama verde dos arredores de Sahnionack´s, próximo a ponte que leva ao  frondoso lago de Oslo, parei sobre a ponte e ao longe vi uma bela princesa com seu vestido listrado, trança nos cabelos, sorriso largo, a flanar naquelas terras. Flores do campo adornavam a terra e uma flor cor de ouro, enfeitava seu cabelo. Chegou até mim e disse: "Posso conversar com você?", na hora, sem palavras, encantado pela bela beleza fiquei algum tempo sem responder. "O gato comeu sua língua?" - disse ela - "Éééé... não. Na verdade é que...(as palavras de certa forma não vinham), deixa. Pois não."
"Parece que nos conhecemos, mas não me lembro de você. Qual é o seu título?" - perguntou ela
"Não sou príncipe, não sou rei, não tenho um título, sou somente um cavaleiro que vaga entre mundos sem um norte mas ao mesmo tempo com rumo certo, com muitas histórias para contar. Admirado por uns, odiado por outros, levo dentro de mim a macies dos campos e a força do vulcão" - "É, você não tem cara e muito menos porte de príncipe (pegou em minhas mãos), mãos grandes, fortes, rústicas e ao mesmo tempo suaves. Para onde vai?" - perguntou - "Vou para onde meu coração me levar" - " E ele te trouxe até aqui?" - disse ela - "Não sei, talvez você tenha me trazido até aqui" - retruquei "E..."
Acordei de um  repentino modo. Tentei dormir de volta para retomar o sonho porém não consegui. Peguei minha espada, montei em meu cavalo e saí galopando pelos arredores para que o vento me fizesse então acordar. Voltei, tomei uma caneca de um forte café e agora escrevo para você.
Prenderei esta carta na pata esquerda da minha águia e tenho certeza que ela chegará até você o mais rápido possível.
Acabo este manuscrito citando meu velho amigo Miguel de Cervantes que escreveu meu lema que é: Sonhar o sonho impossível, sofrer a angústia implacável, pisar onde os bravos não ousam, reparar o mal irreparável,
amar um amor casto a distância, enfrentar o inimigo invencível, tentar quando as forças se esvaem, alcançar a estrela inatingível: Essa é a minha busca, esse é o meu lema.
Boa noite nobre Senhorita do Reino.