sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Panem et circenses

Há algum tempo não consigo  parar para assistir tv. Nesta primeira semana do ano, resolvi dar uma folga para mim e neste tempo (além de ler muitos livros, assistir muitos filmes, ouvir muita música...), resolvi assistir. Algo que para mim já era considerado algo muito escasso devido ao tempo que eu quase não tinha durante minha jornada de trabalho. Ou ainda seja, ia me mantendo informado através de sites e jornais impressos.
Algo agora a pouco me fez refletir muito sobre a questão da culpa. e vim diretamente para o computador escrever em meu blog.
Estava vendo uma reportagem na Record News sobre a volta as aulas das crianças da escola Sandy Hook em Newtown a qual foi linkada com a questão da disseminação de jogos brutais de vídeo game no mundo. Na sequência veio uma reportagem sobre as chuvas que assolam o Rio de Janeiro. Ainda assisti sobre a posse de José Genuíno na Câmara Federal, sobre a facada que o dono do restaurante deu em um rapaz de 24 anos por causa de 7 reais, sobre a menina paquistanesa que recebeu alta (3 meses de internamento), após levar um tiro de um Talibã. Mudei de canal e os telejornais que estavam no ar passavam as mesmas coisas.
Vamos as questões que assolam minha cabeça sem parar...
1) Pão e Circo ao povo! Povo da Roma Antiga, vocês estavam certos! E tem gente que acha uma barbárie a questão dos gladiadores nos coliseus ou dos condenados obrigados a lutarem com leões até a morte. Porém, por favor me digam se eu estou errado: Hoje em dia quer aglomerar uma galera? Diga que tem comida de graça ou comece a contar alguma desgraça que aconteceu... com certeza formara uma grande platéia ao seu redor. Continua basicamente a mesma coisa. Tanto é que se tiver acontecendo uma apresentação teatral em algum lugar na rua vai chamar menos atenção do que um acidente que aconteça na esquina logo ali na mesma hora. Fato!

2) Analisando as reportagens... No ataque a Sandy Hook, boa parte dos defensores dos videogames com jogos de tiro dizem que isto não influencia. O que meus camaradas? Não influencia? Pegue o depoimento do cara que atirou na Noruega e compare com todos os outros que fizeram estas atrocidades (inclusive nos massacres aqui no Brasil). Todos em comum jogavam estas merdas de jogos de tiros, transformando a vida humana em algo banal. Pode dizer que são mocinhos contra bandidos em jogos, ou são jogos de treinamento de guerra... FODA-SE, é banalização da vida humana. E é muito mais fácil se eximir da culpa do que qualquer outra coisa. Assim como o alcoólatra, fumante, usuário de drogas... demoram para assumir que são viciados. Não, mais comigo não acontece porque tenho estrutura. Todos eles (na verdade bem poucos), não tinham caras de anormais e eram bem estruturados (tudo de mais ruim só acontece do lado de lá da cerca do vizinho, não é?)
Em questão das chuvas no Rio, vimos o exemplo de um artista que provou ser acima de tudo um grande ser humano que é o Zeca Pagodinho, que saiu de sua mansão para ir ajudar os necessitados da comunidade onde vive (ou vivia), porém ele estava lá, colocando a mão na massa. Algumas pessoas vão dizer: foi porque quis ir pois não era problema dele. Sim, concordo, porém ele estava lá fazendo algo e isto serve para a grande parte dos políticos que não fazem porra nenhuma trancados em seus gabinetes com ar condicionado e trabalham muito menos que qualquer outra pessoa. E ainda se julgam no direito de dizerem: você sabe quem eu sou? A culpa não é minha se está chovendo lá, a culpa não é minha se as obras não foram realizadas, a culpa não é minha se o lixo não era recolhido... Pelo amor de Deus! E isto serve para mim, para você e para todos, para mostrar que temos que ser mais solidários e não importa se a culpa é nossa ou não, nunca é demais sermos solícitos e ajudar.
Vamos além...José Genuíno dizendo que não sentia vergonha em estar ali mesmo sendo condenado pois ele era inocente. Conhece alguém que não seja político ou rico que tenha o mesmo privilégio? NÃO, pois os "criminosos" estão trancafiados dentro de abarrotadas cadeias sem estrutura e os outros "CRIMINOSOS" privilegiados, tem suas regalias parlamentares ou abonadas. Tenho grana, sou político, então não sou criminoso, a culpa não é minha. O dono do restaurante que deu a facada no menino por causa de 7 reais disse que a culpa não era dele pois ele só queria assustar. Ainda tem o caso da defesa do Talibã que atirou na menina paquistanesa que da nojo só em pensar naquele pulha, se existe algum Talibã que se salve eu particularmente não conheço, pois todas as histórias que já foram relatadas me dão nojo, porém eles não tem culpa (segundo eles). E para encerrar esta parte de relatos, volto a bater na questão dos adoráveis e maravilhosos condutores de veículos motorizados e não motorizados, fazendo suas barbaridades e sempre dizendo "Nossa precisa de gente que dirija melhor", "Não vou tomar um pouco pois eu sou um bom motorista", "Odeio quando saem os domingueiros", "Posso apodar aqui pois sou bom no volante", "Posso correr o quanto eu quiser pois dirijo bem" e as cagadas acontecendo.E a culpa? Sempre de algo, do outro ou de alguma coisa que geralmente não é o condutor principal da "cagada" em questão. Nas minhas viagens de novembro de 2012 a janeiro de 2013 (pelo menos as que fiz de carro), vi tanta cagada na estrada que dava medo e na cidade então... E agora fica a pergunta: De 100 motoristas que fossem questionados realmente o quanto são bons quantos responderiam negativamente, afirmando que não são bons ou precisam melhorar? (fica a pergunta no ar)
Me pego pensando neste momento, acho que a humanidade está esquecendo que somos seres inacabados, imperfeitos e ainda temos muito a melhorar, esquecemos que TODOS erram, que todos tem muitas coisas para serem melhoradas, mas quem tem coragem de assumir?
Nos fatos citados acima a culpa sempre era de alguém, menos de quem havia cometido os delitos. E assim tem sido nossos dias, está cada vez mais fácil não assumir culpas e jogar as culpas nas costas de alguém.
O exame de consciência é algo que muitas pessoas nem sabem mais que existe (ou nunca souberam que existiu). A banalidade toma conta, nos transformando em seres descartáveis ao invés de seres destacáveis!
Porém, acima de tudo eu ainda acredito que há jeito. Acredito que algo vai mudar, pois caso contrário o mundo pode acabar no dia 01,02,03,04,05,06,07,08,09,10,11,12,13,14,15,16,17,18,19,20,21,22,23,24,25,26,27,28,29,30,31 de qualquer mês de qualquer ano, por culpa do próprio ser humano e para isto não vai ser necessário qualquer previsão.
Por favor chega de banalidades, mais pão que fortaleça a alma e mais circo que faça realmente rir, adquirir cultura (como bons livros, filmes, teatro, programas, músicas...), para o povo.
Não. Não precisa ser assim e a mudança pode começar aqui comigo, aí com você e de pouco em pouco irmos espalhando o amor, o respeito, a gratidão, a cultura e tudo que houver de mais lindo nesta vida! Utópico? Sonhador? Pode até ser, porém antes de tudo, leve, sereno, consciente, discernível  e feliz.
Sem falsos moralismos, sem falsas demagogias, sem falsas democracias... por favor.
Paz, Amor, Consciência, Discernimento e Harmonia a todos!

*Panem et circenses - Pães e circos. Era o único ideal da plebe de Roma segundo Juvenal; comida e diversões. E é ainda o que a maioria deseja.